Depois da escalada nos preços de frete marítimo para transporte de grãos e fertilizantes, os valores tendem a se estabilizar nos novos patamares testados em 2007. Para especialistas, a possível recessão dos EUA assusta, mas a demanda dos países asiáticos, em especial da China, vai garantir que os valores para frete continuem estáveis.
Levantamento realizado pelo Sindicato da Indústria de Adubos e Corretivos Agrícolas no Estado de São Paulo (Siacesp) aponta expressivo aumento do frete em 2007. O custo para transporte de granéis sólidos praticamente dobrou nas principais rotas marítimas. Para trazer o produto de rotas européias como na região do Mar Báltico e Mar Negro e de norte-americanas como Norfolk e Tampa o frete passou de US$ 25 a US$ 30 na média em 2006 para US$ 65 a US$ 70 por tonelada no ano passado. E no mesmo período, as importações de produtos intermediários para produção de fertilizantes atingiram o recorde de 17,497 milhões de toneladas, ante os 12,101 milhões em 2006.
A consultora Elizabeth Chagas, da E. C. Consultoria em Logística e Assessoria Empresarial em Logística e Comércio Internacional, lembra que depois de iniciar o ano em forte alta, os preços ficaram praticamente estáveis desde outubro. “O frete não aumentou neste período, mesmo quando o petróleo atingiu picos de US$ 100. O que aconteceu foi que o frete perdeu a voracidade de aumento que se viu antes”, explica Elizabeth.
Segundo a consultora, houve uma mudança no perfil das importações de fertilizantes. Antes o Brasil importava matéria-prima para produção de fertilizantes principalmente dos Estados Unidos e Canadá. Outras fontes de matéria-prima que surgiram na seqüência foram a Rússia e a África. A entrada da China mudou este cenário, quando passou a importar soja do Brasil.
“Hoje o mercado de frete não é ditado pelos Estados Unidos. Está pulverizado pelo mundo. Por isso, o que se questiona hoje é qual será a intensidade da recessão norte-americana e como será seu impacto sobre os demais países”, afirma a consultora.
O diretor do Sindicato das Indústrias de Matéria-Prima para Fertilizante (Sinprifert), Luiz Antonio Veiga Mesquita, considera que a importação de produto intermediário da China é um fenômeno recente. “Foi no ano passado que as compras de superfosfato, MAP e NPK (ingredientes usados na produção de fertilizantes) se destacaram”, afirma. Segundo ele, houve picos de entrega no ano passado, em que a fila de navios vindos da China em Paranaguá chegou a ter dez embarcações.
No mercado, circulam rumores de que se a baixa nos preços de frete persistir poderá sinalizar um enfraquecimento da demanda por commodities. Informação que os especialistas da área no Brasil descartam. Para eles, trata-se mesmo de um fenômeno sazonal.
O diretor executivo da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) afirma que agora o setor entra em sazonalidade, com redução das importações, já que no período os produtores fazem apenas adubação de cobertura. “Houve queda nos preços das rotas para Europa e Mar do Norte de cerca de US$ 10 por tonelada”, afirma Daher. Mas ele acredita que a partir de março o frete volte aos patamares registrados ao final de 2007.
(Fabíola Gomes)
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