Os esforços do governo para minimizar a alta dos preços dos insumos podem ter impacto limitado diante das perspectivas traçadas para o cenário global. Reunidas em Viena, na Áustria, as principais indústrias de fertilizantes do mundo indicaram que a trajetória de alta dos preços ainda não foi interrompida. Durante o congresso da Associação Internacional da Indústria de Fertilizantes (IFA, na sigla em inglês), que terminou nesta tarde, foram discutidos os preços da matéria-prima, os problemas de fornecimento, a demanda do mercado global, entre outros temas.
A consultora Elizabeth Chagas, da EC Consultoria em Logística e Comércio Internacional, que participou do evento, enviou há pouco à Agência Estado nota sobre o evento. Segundo ela, o terremoto que atingiu a China na semana passada terá impacto sobre a oferta global de adubos. Duas grandes fábricas e outras menores terão as atividades paralisadas por quatro meses no mínimo. Com isso, o país deixará de produzir seis milhões de toneladas. Ela explica que os chineses produzem anualmente cerca de 66 milhões de toneladas de fertilizantes por ano, sendo 60 milhões de t para consumo próprio e seis milhões de t para exportação, volume que poderá não ser ofertado no mercado internacional.
Ela destacou que a Índia entrará no mercado para compra imediata de 1,2 milhão de toneladas de uréia para entrega em junho e julho, notícia que fez o preço deste produto aumentar US$ 150 por tonelada em uma semana na Rússia. Segundo Elizabeth, desta vez o Brasil foi “mais ágil”, porque comprou o suficiente para atender a demanda dos próximos 45 dias, antes desta alta. Mas alerta: “Quando (o Brasil) voltar ao mercado enfrentará preços ainda mais altos, já que Índia comprará até final do ano 5 milhões de toneladas de uréia.”
Elizabeth observou que a indústria também trabalha com a perspectiva de oferta limitada de cloreto de potássio. "Este insumo, além de muito caro, simplesmente não existe no mercado para venda a clientes sem contratos e os fornecedores no máximo aceitam entregar as mesmas quantidades de 2007", diz a consultora em nota.
A consultora ressaltou, ainda, que o congresso da IFA abordou a questão dos subsídios pagos pela China, Índia e Estados Unidos, os três maiores consumidores de fertilizantes, que colocam os demais países em condição desigual de competitividade. "Foi alvo de atenção e debates o quanto é nociva essa política de subsídios agrícolas", concluiu. |