Comer ficou mais caro e impacta em fome para parte da população
SP, 04 de Julho de 2008
Caros amigos (as),

Sem dúvida é inadmissível acreditarmos que, em pleno 2008, com um cenário de safras abundantes no Brasil, o mundo tenha uma população tão grande passando fome. Para situarmos melhor, basta tomarmos o arroz como exemplo do que vem ocorrendo: em apenas um ano, a chamada “comida dos pobres” aumentou de US$ 327 a tonelada para US$ 1.000 no mês de maio último.

O preço das commodities agrícolas aliado a alta exorbitante do petróleo tem deixado governos do mundo todo em situação tensa, uma vez que todos sabem que preços altos de comida geram inflação e criam descontentamento em muitos. Há muito tempo, órgãos internacionais como a USDA e a FAO, nos alertam para os baixos estoques reguladores dos preços dos alimentos, mas o que acontece é que sempre que o cenário não é favorável, fechamos os olhos.

De fato, consideramos corretamente o crescimento da população mundial, porém fizemos erros gigantescos com relação ao crescimento da renda das baixas camadas sociais dos países emergentes como Índia, China e Brasil. Em nosso país, segundo dados do Dieese, no período de um ano, com a criação da Bolsa Escola e da Bolsa Família, a população carente passou a consumir mais feijão e arroz, fazendo o preço destes dois produtos aumentarem 184,80% e 62,50% respectivamente.

Se tudo correr bem em relação ao tempo, passaremos no mínimo seis anos para repormos nossos estoques de alimentos. No caso do Brasil, podemos nos considerar privilegiados por termos capacidade de produzirmos muito e de tudo. Nossas carnes são ótimas, temos feijão, arroz, milho, soja, café, suco de laranja, leite, açúcar, etanol, mandioca e aqui plantando tudo dá.

Por outro lado, ainda tomando dados do Dieese, nossa cesta básica aumentou 52% em algumas capitais. Comer ficou mais caro e jamais voltará aos preços que pagávamos no início desta década. Sinto profundamente pelos pobres africanos que sempre passaram fome e contam com auxílio de organizações internacionais que agora não sabem como repor seus caixas de doações, uma vez que terão que arrecadar o dobro para poderem alimentar tantas bocas famintas.

Por trás de tudo isso temos um mundo de especuladores que usam a jogatina das bolsas, dos mecanismos econômicos, de ganhos para fazerem cada vez mais dinheiro em cima das commodities agrícolas, dos metais e do petróleo, para ficarem mais e mais ricos.

Vale lembrar aqui que caixão não tem alça, mas diminuir a fome do mundo, com certeza nos trará ganhos e bem estar que levaremos sempre conosco em todas as nossas viagens em quaisquer dimensões.

Diante deste quadro, devemos ficar alertas para o peso das commodities, segundo a Fipe, e seus respectivos impactos na inflação brasileira nos últimos 12 meses:

- Carne de frango: 6%
- Carne bovina: 19%
- Carne Suína: 10,7%
- Óleo de soja: 56,2%
- Óleo de milho: 31,8%
- Feijão: 168,3%
- Leite B: 22,7%
- Macarrão: 17,6%
- Pão Francês: 16,9%
- Café em pó: -7,4%
- Açúcar: - 21,1% 

Obrigada e até a próxima,

Elizabeth Chagas

 
 
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Sobre Elizabeth Chagas...
Apesar de ter sempre transitado em um mundo predominantemente masculino, o da logística e comércio internacional no agronegócio, Elizabeth Chagas atingiu em dezembro de 2007, o patamar máximo neste segmento, como vencedora do “Prêmio As Mulheres Mais Influentes do Brasil”, na categoria de agronegócio, promovido pela Gazeta Mercantil. Em março de 2008foi agraciada com o “IV Prêmio Excelência Mulher” concedido pelo CIESP... [leia mais]
   
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